terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Existência

Qual o sentido da existência ? Um privilégio e ao mesmo tempo um excesso. Em alguns dias é maravilhoso existir enquanto em outros dá vontade de nunca ter nascido. Dormir, acordar, comer, trabalhar, dormir, acordar, comer...e assim vai. Qual o sentido de existirmos nessa mesma e incessante sequência atordoante salpicada por momentos de alegria e prazer que se extende muitas vezes por mais de 80 anos ? Tenho 34 de idade, olho para trás e já sinto o peso de um passado (alegrias e tristezas) que carrego, será que viverei ainda mais 34 ? Além de 70 para mim seria desnecessário. Como conseguirei carregar tantas experiências, memórias, dúvidas, anseios e angústias por tanto tempo ? Por que não temos a opção de simplesmente apertarmos um botão de OFF e
pronto, acabar com tudo de forma indolor ? Poderíamos executar isto quando achássemos que está mais do que suficiente. "Está bom, chega. Pra mim já deu".

Cada um deve saber a medida certa de sua própria quilometragem assim como a hora de parar. Além disso ainda há a possibilidade da existência chegar ao fim sem o desejo de cada um, seja através da súbita morte ou de um lento fim numa cama de hospital embebido em morfina. Viver pode ser uma experiência maravilhosa mas ao mesmo tempo sacrificante e pela intensidade do desgaste corpo-mente, seria justo que houvesse pelo menos uma explicação mais satisfatória para tudo isso. Não a que o homem inventou (DEUS) para não ter que enfrentar a dor de saber que morreu=acabou, nem aquela a qual ele se submete para esquecer estas questões (CONSUMISMO), mas uma explicação conscienciosa que nos justificasse realmente porque existe TUDO ISSO. Creio que somente a flosofia, a psicanálise e o marxismo poderiam nos dar alguma base justificativa para isso tudo. Mergulhar nisto pode custar um preço alto mas ainda é melhor enxergar realmente o que há do que viver com uma venda nos olhos.

E segue a vida...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ontem ví Helena e seu olhar cativante...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Porta-retrato

Aprisionada na moldura
permanente sorriso
indiferente aos dias e humores tão instáveis
É você
de semblante puro, coração aberto
e uma pontinha de vaidade, claro
quem não tem ?
É você
no porta-retrato perto da janela
que aberta impõe o céu como fundo
deixando-a ainda mais bela, tela
Posso sofrer, me desesperar e fenecer
com as agruras da vida
o que não faria da minha morte
uma morte indigna
pois nada mais sensato que morrer na sala
aos pés do teu sorriso no porta-retrato


para Ju

sábado, 10 de outubro de 2009

Vento

Vou te levar pra bem longe
A verdes sonhos descampados
Terras onde nem o horizonte
Há de ser avistado
Quando o vento nela sopra
Tudo
Tudo vira tornado

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Carta a Moroi*

Vejo um menino chorando de bar em bar, tadinho, é a flor do amanhecer.
Quem provocou isto ?
Você, oh putrefação do mundo, horroroso cavalo peludo, bicho dos infernos
Tanta alegria poderia ter vivido caso não entrasse na minha vida e humilhado a doce Mirza
Rainha dos dentes brancos, da pele clara, morena-lisa...
Oh, pobrezinha, ficou tão triste...
Nada adiantou. Eu chorei mas você não parou de ofendê-la
Seu verme, agora está morto.
Por que fez isto com ela ? Logo a mais bela e fadada das donzelas, flor do amanhecer de cada dia, chorou...
Triste é vê-la na torre do castelo e não poder fazer nada. Lá está presa até hoje
Suas tranças não alcanço, sou fraco para escaladas.
Ah, minha querida monalisa hoje com cabelos grisalhos, tanto tempo presa nessa torre e eu só faço observar seu passo em falso.
Me resigno e choro sozinho sentado na pedra, minhas lágrimas escorrem e formam um rio de sol carregando meus desejos que ela fosse feliz.
Arregalo os olhos para ver se ele está morto, preciso ter certeza
Que pena, o cenário onde será enterrado é tão lindo, cercado de montanhas verdejantes
Pois você não merecia mais que um buraco de terra no deserto
Agora vai ao poço dos infernos, diabólico mordaz enganador
Satisfaça-se de todo o mal provocado à Mirza, minha doce ingênua dama provedora de luz.
A cada ruga em seu rosto haverão mil demônios a te castigar, traidor insolente de espada na mão
Agora será devorado pelas baratas que apagarão da existência as tuas sobras
Você foi a sombra do meu desejo de destruição, fiquei sombrio a ponto de andar atrás de ti
Por sorte me libertei mas Mirza não
No cemitério jogarei terra sobre sua sepultura e ficarei de olhos atentos para ver o quanto de chão estará sobre você
Agora não voltará mais a assustar nossa gente, impor amor a Mirza seduzindo-a com sexo, dinheiro e comida.
Uma pena pois seria a grande oportunidade de te matar
Você não dizia que esta terra era de azeitonas e palmeiras mortas ?
Pois bem, os tupinambás estarão a tua espera com o garfo na mão. Esta terra te devorará.
Fez muito mal à Mirza e o perdão por ti clamado era vidro e se quebrou
Saiu sangue do teu corpo, não é, demônio ? E como um demônio possui tanto sangue ?
Saia daqui agora, suma da minha frente
Vá para o chão envenenado de pepinos esquecidos
Doce ser do veneno, seduzia pela honra rebaixando o que havia de mais doloroso em nós
Pobre Mirza, pagou seu enterro e até neste momento não se desfez de ti
Depois de três anos irão desenterrar seu caixão e queimar teus restos
Pobres coveiros, trabalho perdido pois não haverá nada
Os vermes hão de fazer o baile
Vergonhoso final para o senhor das redondezas morto no espeto de churrasco.
Pedra, lápide ? Tu não mereces.
Que esta terra te cubra para sempre
Não volte a nos atormentar nunca mais.

*vampiros mortais que se alimentam de humanos sem matá-los (mitologia romena)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Devaneios

Fragmentos de pensamentos invadem minha mente
Já corroída por desejos e frustrações inacabados
Essa luz intensa dos dias de sol me cega
Me faz perder a direção
Saio apenas por livre e espontânea necessidade
me omitindo para o mundo
Sei, estou sendo vulgar comigo mesmo
Sendo algo que não sou
Mas só assim estou
Não sou isso
Não me tornei este ser invisível e patético
ainda sou um homem de alicerces
Sei desencavar minhas memórias
mesmo que para isso viva pouco o presente
Preciso me encontrar em algum ponto do mundo
Ao menos saber que um dia possa vir a ter um minuto de paz
Minha alma não se ilude com pouca ou tanta coisa
Ela é rainha do vento, fécula do amanhecer
cândida fronteira entre o exato e a instabilidade
O fora e o dentro não se conectam em mim
Convivo em dois universos
Sintetizando as tristezas e angústias de ambos
Mente livre é sinônimo de incertezas
E paga-se um preço por isso

O mais ruim é estar só no meio de si mesmo
se percebendo varrido por furacões de devaneios
Olhar o outro estável e se sentir um peão girando
Vivendo apenas o que sei, o que posso e o que tenho
nesta maldita e silenciosa opressão devoradora

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Entre neblinas e sombras

Não há nada lá fora a não ser sombras e cinzas
que circundam minha casa
Deixando-a isolada de tudo
Não, não quero sentir e viver isto
Seria bom se ela girasse
E jogasse a neblina pra lá
Abrindo o sol
Porém, ainda não estou pronto para ele
Nem para o mar
Preciso me encontrar em cada esquina
Para não sentir-me sozinho no meio da multidão
Onde a realidade se torna mais nítida
E a diferença entre eu e o mundo mais gritante

Se eu estou no mundo
Não há como o mundo não estar em mim
E está
Apenas não sei onde
Talvez perdido em algum lugar da minha alma
Preciso urgentemente encontrá-lo
Falta um bom pedaço de mundo em mim

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O bonde do tempo

Pegou o chapéu, virou-se ao público e disse adeus
Vou indo embora
Estou cansado dessa vida
Sinto uma angústia devastadora em meu peito
que me tira o sono e faz chorar

Ouço o som do bonde vindo
Não posso perdê-lo
Não posso perdê-lo
O bonde do tempo chegou
e isso tudo é muito pouco pra mim

Quero respirar o ar das florestas
que não ficam tão distantes daqui
Caminhar, pisar na terra
sem ninguém pra me dizer onde devo ir

Melhor viver andando por aí
lado a lado com o fluir do tempo
Se ele não pára, eu também não
Porque ter medo de ficar parado
encostado no sofá assistindo o tempo passar ?
Não, me nego a isso...
Se o tempo passa eu vou com ele...
Até onde eu quiser parar
Para depois continuar
Continuar...

sábado, 1 de agosto de 2009

Helena

Chegou de repente
Bem-querer vindo ao mundo de manhã
Do útero ao decair dos meus versos
envolvida em um manto de palavras
Lá vem você
rebate em mim a vida
luz de uma humanidade incrédula

Quando te peguei em meus braços
Já sabia que depois das dez
o mundo ficaria ainda mais diferente
e melhor...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Excessos

A tecnologia, apesar de necessária, muitas vezes cansa.
Meus olhos saturam com tantas imagens, sons e cores ao mesmo tempo.
Mesmo que tentemos dar uma pausa esse mundo multimídia, ele acaba entrando pelas brechas perfuradas por out-doors nas ruas, carros de som na porta de casa, monitores vomitando informação em tempo real nos elevadores.

Excesso, excesso, excesso...

O mundo das ambigüidades no qual vivemos nunca foi tão propício aos efeitos benéficos e malévolos do excesso de tecnologia e mídia.Num tempo frio e chuvoso fico dentro de casa suscetível a um mar de imagens e sons. Se saísse, para onde iria ? Me enfurnaria em um carro e rumaria ao shopping mais perto para dentro de uma sala de praça de alimentação ?

Comer, comer, comer...

Prefiro os dias de sol. Eles me dão mais oportunidades de estar com a natureza. Confesso que a artificialidade da luz associada a aceleração da mídia atordoa meu cérebro. Como dizem alguns : “é muita informação”. E a vida cansa rápido. As energias se esvaem como o descarregar de uma pilha. Olha para frente e penso : "Ainda terei que viver isso tudo ?". A questão não é ter que viver, mas a forma metropolitana de vida. A cidade e suas imposições e tentações ao mesmo tempo que atrai, desgasta. A vida nas grandes cidades é um aspirador de vida. Suga tudo num tempo relativamente rápido e quando a gente vê, se não se cuidar, você estará calvo, sedentário, barrigudo e cardíaco. Isto se não desenvolver as múltiplas formas de câncer, quando o corpo se destrói de dentro para fora com uma ajudazinha externa, claro.

Por outro lado, não desgosto totalmente dessa tecnocultura, pelo contrário, como é impossível não esbarrar com ela fica até difícil não assimilá-la. A minha maior questão são as conseqüências disso tudo pois no território da liberdade consumista não sei até que ponto o atordoamento provocado por todo esse acúmulo de informação influencia na atitude de ir para o shopping...

comprar, comprar e comprar...

...sem falar no medo desenfreado dos espaços públicos onde a violência pode nos acometer. O shopping seria o ponto de convergência mais propício a uma sobrevivência segura, reproduzindo no ambiente o que a mídia mass produz na nossa cabeça. Digo nossa porque me considero também dentro deste furacão neurótico e veloz que é o mundo e a vida metropolitana.

Outra grande questão é que isso tudo cansa mas olho para as outras pessoas nas ruas e não identifico qualquer tipo de fadiga. Me parece que estão todos alterados quimicamente por algum tipo de alucinógeno. Isto me espanta. Até que ponto estou dentro ou fora dessa totalidade ?

Li no jornal que as pessoas buscam cada vez mais ansiolíticos, as salas dos psiquiatras e psicólogos estão lotadas e clínicos gerais nunca emitiram tanto aquelas receitinhas azuis controladas. Já há até mercado negro de rivotril. Mas é claro, evidente, com tanta aceleração algo deveria ser feito para o mundo desacelerar. Creio que o cérebro humano não é capaz de suportar tanta informação fora os afazeres e obrigações cotidianas. A questão para mim se dá da seguinte forma: há seres humanos que suportam e jogam grande parte das suas ansiedades para o consumo e, ao mesmo tempo, há pessoas que precisam dos "tarjas pretas" para diminuir o ritmo ou, melhor dizendo, modular a atividade cerebral na medida certa para poder existir e fazer suas rotinas diárias, o que incluiria também e até na mesma forma que o grupo anterior, o consumo.

Não sei, quanto mais observo o mundo mais acredito que as coisas estão muito mais interligadas que na última vez que parei pra pensar e esta rede cada vez mais emaranhada atordoa a minha cabeça. Isto me assusta pois não sei até que ponto controlo ou sou controlado, vivo por mim ou teleguiado por uma engrenagem ou talvez um pouco de cada. Qual delas predominaria ? Disso nasceria mais um conflito interno, o que estaria em perfeita sintonia com este mundo de contradições. Não que elas sejam aberrações. Contradições são fundamentais para que possamos nos compreender melhor e aceitá-las é um belo exercício de auto-entendimento porém o excesso é o que me preocupa. De toda forma, caio naquela velha máxima de que tudo em excesso faz mal. Abriram-se os portões da liberdade de consumo após a queda do Muro de Berlim, o mercado impera e para onde estamos indo é que realmente não sei. Queria ao menos ter um farol, seria menos angustiante mas só me vem a palavra...

caos, caos e mais caos...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Comida de vermes

Meu pai levou flores pra minha mãe quando eu nascí
E escreveu pra mim na capa do meu álbum de retratos
algumas palavras de encanto e amor pelo meu nascimento
Eu tenho um amigo que mora aqui perto e ele não faz nada, não trabalha
Mas qual é a diferença entre ele e eu ?
Só porque eu trabalho e tenho mestrado? Grandes merdas...
Esse meu amigo e eu seremos devorados pelos bichos
quando descermos cada um às nossas sepulturas

Meu pai escreveu aquelas palavras pra mim
mas eu só as lí depois de anos
Claro, ele já não estava mais lá...
Dele ficaram apenas aquelas palavras
e uma antiga fita-cassete onde cantava suas canções
Pobre papai, virou comida de vermes
Assim como todos nós, eu, meu amigo que não faz nada e papai virou
Todos viraremos comida de vermes

Garrafa-corpo-oceano-mundo-eu

Garrafa, corpo
Pergaminho, eu
Oceano, mundo

Sou um pergaminho enclausurado
dentro de uma garrafa no meio do oceano
Vagando, vagando, preso e vagando
Mesmo se me libertasse da garrafa
ainda teria de enfrentar o oceano
Todavia é essa garrafa que me livra da morte
Pois através dela, eu bóio
Esse enclausuramento, na verdade, é a minha salvação
O problema é a garrafa rachar

Garrafa, corpo
Pergaminho, mundo
Oceano, eu

O mundo é um pergaminho
Oprimido dentro de uma garrafa no meio do oceano
É, o mundo está dentro de mim porque meu corpo é essa garrafa
Lá vai o mundo
vagando, vagando, preso e vagando
Caso se liberte da garrafa
Ainda terá de enfrentar o oceano-eu
Meu corpo aprisiona o mundo mas meu eu está além
Porém, se o mundo realmente se libertar dessa garrafa
Não tem jeito, o mundo se afundará em mim
Será que conseguirei suportar esse mundo ?

Primeira lição de existência

Acordei hoje com consciência de finitude
Acho que é a primeira lição de existência
Assim é mais verdadeiro ser
essacoisapsicobiofísica chamada homem
Além da morte não há nada
deixarei de existir, pronto
Não terei mais ar, visão, audição, sabor
tampouco o toque de minhas mãos em meu rosto
se quiserem poderão até pintar minhas unhas de cinza
Serei apenas aquilo que fui
retornando à natureza
pela terra pelo fogo
Não escolhí nascer
fui condenado à liberdade
Posto isto o que me resta ?
Agir e escolher
Escolher e agir
Não necessariamente nessa ordem
Ah, mas isso o que importa ?

domingo, 5 de julho de 2009

O sininho do Caju

Do alto da escada
Observo os cortejos fúnebres

Tlim tlim tlim
Bate o sino pequenino do adeus
Eis a última caminhada
Raios de sol atravessam as árvores
iluminando a tristeza das pessoas
séquitos partem sem cessar em vagarosos passos
Rumo às profundezas do Caju
sobre eles paira a finitude do mundo
Aos poucos vão se perdendo ao longe
entre o silêncio das sepulturas

A tristeza se revela pela ausência
quem teria sido ?
Andou, sorriu, brincou carnaval
Foi pai, mãe, teve filhos, trabalhou
Amou, desamou
Sorriu, chorou
Teve história
e no fim de tudo, o cortejo
término do tempo de cada um

Ricos, pobres, loucos, sãos
Oh, vulneráveis
A morte é a (des)graça do inevitável
O fim de suportar a maravilha de existir

sábado, 27 de junho de 2009

A massa morta

Sobre a mesa a massa morta
isolada
inerte
abandonada
a massa morta
pega
joga contra a parede
a massa morta
amassa a massa morta
pode pisar
pode cuspir
tá morta
verde ou amarela
O que importa ?
Tá morta
Tá morta a massa morta

domingo, 21 de junho de 2009

A casa e o livro

O livro amarelado sobre a mesa
tanta humanidade encerra
A casa construída há tempos
forte e resistente, me abriga
Quantas coisas guardam
Na casa deposito meu cotidiano
palco da existência
dos momentos impiedosos de solidão
porém, acima de tudo
lugar onde reafirmo a vida

No livro depositam-se poesias
linguagens da alma
páginas tantas vezes lidas
nem por isso fatigadas
Estarão lá...sempre a minha espera
guardam palavras perpétuas
vindas do interior de alguém
Os livros sempre têm um fim
mas a releitura pode ser eterna

por isso amo minha casa
por isso amo meus livros
neles encontro
a eternidade e a finitude do meu “eu”

sábado, 23 de maio de 2009

Movimento Pais por Justiça


Pais de todo Brasil
Lutemos pelo direito que temos de proporcionarmos o bem e o melhor para o desenvolvimento psicofísico de nossos filhos.

O Movimento Pais por Justiça bem como outras organizações de mesmo cunho representantes da sociedade civil já estão se mobilizando em prol de podermos dignamente exercer nosso direito.

Já foi mais do que comprovado cientificamente que o convívio com o pai ou a mãe que não tem a guarda é de fundamental importância para o pleno bem-estar dos filhos tanto na infância quanto em sua posterior fase adulta.

Façamos, através da luta dentro da lei, essa causa acontecer.
Pais e mães de todoo o Brasil, UNÍ-VOS.

De qualquer forma, estarei a partir de agora militando, lutando e ajudando esse belo movimento no que for preciso para que estes pais tenham também o direito de conviver com seus filhos e filhas. Vamos em frente. A luta continua.

Força, acreditem, pois mais cedo ou mais tarde a Justiça será feita.

domingo, 10 de maio de 2009

Vó (duplamente mãe)

Ah, minha vozinha querida
sentada na cadeira de balanço
Aonde estaria diante de tantos momentos vividos ?
Estaria resolvendo a vida ?
Tirando conclusões ?
Fala consigo mesma em altiva segurança
sua palavra é a melhor companheira
A pele carcomida pelo tempo nos engana
tamanha vida que há por dentro
de histórias resolvidas ou não
no amamentar de cada filho
no cuidar de um pequeno irmão
no carinho ofertado aos netos
Amor ?
só teve um na vida
devoção
Quantas ceias de natal já não viveu ?
bolos, pudins e empadões
sentia prazer ao ver o prazer dos seus
devorando essas delícias
pobres são estas palavras
pequeninos grãos de areia
tentando traduzi-la
que vive há noventa e três anos
quatro meses
e oito dias
tempo suficiente
que desatina qualquer explicação

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Músicas de minha vida

Ouço uma toada
Ela me situa no tempo
Revela
meu presente premido de sons
No futuro
tudo será lembranças
melodias pausadas de uma época
recordações do hoje vivido
As músicas de minha vida
ressuscitam pessoas
amantes intangíveis
amigos distantes
amores perdidos
todos tragados pelo mundo
transmutados em canções
residem
no fulgor dos acordes
no grito de um refrão
até alcançar meu fenecer
lá permanecerão
capturados
para deleite
nas músicas de minha vida

Feriados

As pessoas e seus apartamentos sem barulhos
Da minha janela olho pra longe
e entre prédios contemplo um comovente silêncio
Todos dormem ?
Se não estão em paz com seus filhos
Almas apaziguadas
sem a loucura dos dias comuns
Os carros não passando
deixam um rastro de puro sossego
No ar o canto livre e fulgente dos pássaros
preenche calçadas vazias de homens
A luz do sol nesses dias é mais bela
O céu, mais azul
Queria mais tarde
morar em lugar distante dos ruídos urbanos
Só pra acordar
e sentir como se todo dia fosse de paz
doce imobilidade do mundo

Em feriados
me agride o dia acontecer lá fora
quando capitães põem gente pra trabalhar

sábado, 11 de abril de 2009

Meus balões

Sete da manhã
Acordo com salvas de fogos
Alertam para um dia de venturas
Domingo de Junho
Na varanda uma brisa esperança
Árvores de verde verdade tocadas por raios de sol
Prédios em concreto amoleciam as estruturas
A rua sem saída era fronteira do mundo

O céu claro azul salpicado por balões
Alavancava em mim desejos de voar como eles
Por trajetórias curtas e intensas
Tal qual o fogo das buchas a queimar

Ao olhar com o binóculo do meu avô
Avistava o mundo dos sonhos
Os via com detalhes
Carregavam imagens sacras coladas no firmamento
Obras de arte dos subúrbios

Hoje do mesmo lugar não há mais binóculos
Nem mesmo a sabedoria do meu avô
O azul insiste em ser azul porém a brisa agora é fria
Tanto céu para um só balão
Balão despertador a me alertar de tanta vida ainda por vir
Mas tão pouco sonho a se viver

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Persista

Em casa ouço trovões
O tempo me surpreende, eu gosto
Da varanda avistei tempestade
Lentamente chegando
Cheiro de terra no ar

Estrondo gigante arrebata meu corpo pra fora de casa
Sinto o frescor da baia nos degraus da Guanabara

Persista, sou alma destemida criada pro mundo
Sorrio o tanto que já chorei
Enlevo meu corpo suado em pingos d’água
Tristezas escorrem pelo chão

Cansei
Quantas vezes tive que calar pra não ser aviltada ?
Hoje sou apenas eu

No canto liberto minha verdade sem freios
Retiro palavras da alma, as jogo pra cima
Encontro o verbo sonhar
De vestido rodado
Pé descompassado
Meio embriagado

Ele me convida
Pra dançar a vida

sábado, 21 de março de 2009

Encantos da Mauá

Ela tocava tamborim no Escravos da Mauá
Cumbaqueteque ticumbum catiquitum
Salamaleque de crioula no batuque enviesado
Por compassos esticados de viola afiada

Vai na marcação, cabrocha
Joga as mãos ao leo em sedutora desfaçatez
Congela meus desejos
Inibe meus atos
Tamanho o encanto que me presta ao bailar por calçadas murmurantes de histórias

Abro os olhos e vejo a Prainha enluarada
Que não nega o clamor dos gritos dos escravos
Todavia desfaz dor em poesia
Transpondo a minha alma em transe

Aqui somos autênticos no que sentimos
Encantados por acordes de um samba bom
No surdo do tempo que nos consome
Navegamos o rio até fevereiro
Revivendo a cada mês o mais próximo que podemos ser do carnaval

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Acasos

Há de se ter bailado, há de se ter dançado
Ao forte som das batucadas
Que o teu corpo respondia com passadas
Sorridente exagerada
Disfarçada pelas ruas agitadas
Que paravam pra te ver

E eu no meu encontro com o acaso
Arrisquei-me a te encontrar
Novamente ou nunca mais

Há de se ter bailado, há de se ter dançado
Ao forte som das batucadas
Teu olhar descontraído me dizia
Que ali se escondia algo a mais que eu não sabia que luzia mas havia
Algo em ti a se esconder
O que seria ?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

(Des)razão

Definir por definir não tem sentido
E só sentir o que vier pra mim é muito limitado
Pra viver esse passado no presente com você
Tanto é que já rimei errado versos tortos embolados
Me confundem ao dizer

Ah, o que as palavras são capazes de dizer
Pra entender que nada esconde essa vontade de ceder
De me abster de adiar um sentimento por você

Que o teu cheiro, morena, em minha pele brota a flor que desespera o lancinado coração
Lambusado desse gosto dos teus lábios à espera
De um beijo bem profundo foge o chão desaba o mundo
Desatina e desconcentra tudo o que há de ser razão

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Irreverente e debochado

Ah, carnaval...doce ilusão...que seja, que seja
Apuração do que puder e vier
É o bloco que me caça e não o inverso
É anárquico e ao mesmo tempo informal
Irreverente e debochado esse carnaval de rua carioca
Sem pretensão, isso que é bão

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Rodou !!! Vai, rodou !!! Empurra !!! Vai !!!

A roda girou novamente e mais um ano está começando, vai, começa logo mas antes do carnaval será que dá ? Talvez se não virarmos esponjas sufocadas pelo abafamento do Rio de Janeiro. Ar condicionado para todos, já !!! Não dá. Por causa de quê ? Por causa da crise, não vê que tem muito empresário mandando embora usando a crise como desculpa ? Na verdade já estava afim de demitir a muito tempo. Atenção, FIESP, se tiver que mandar embora a hora é agora. Aproveitem a desculpa da crise.

Ontem voltava do centro e vi fumaça negra para os lados do Maracanã. Ah, deve ser mais um barraco pegando fogo, talvez consigam salvar os móveis. Que nada, eram ônibus incendiados por traficantes por conta do coque de ordem da polícia militar no morro de Mangueira. Peraí, a moda é essa agora, choque de ordem da polícia, choque de ordem dos bandidos e a fumaça bem preta não parava de subir. É o sinal de que o ano começou. Eu estava esperando por ele que demorou, demorou para abalar mas abalou. O verão carioca do choque de ordem e do abafamento, camelô correndo com muamba na mão. Seu moço, me dê um trocado e o garoto era alugado em Santa Cruz por trinta reais. Durante o dia ficava nos sinais a pedir um trocado pro senhor que o alugava, delivery free open com as criancinhas. Até onde vai a doença contida na cabeça do homem ? Ah, Barack será que vai mudar ? Não precisa responder, cheguei no limite, vou ouvir Jorge Ben.