quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A união dos contrários

É impressionante como um homem há mais de cinqüenta anos antes de Cristo pode nos revelar uma verdade até hoje tão aplicável em nossa sociedade. Heráclito, vindo de família próspera, decidiu pelo extremo vivendo como um eremita. Procurava, ao invés de interpretar a natureza, ouvi-la em busca do logos, ou seja, a compreensão. Isto o diferenciava da forma pela qual a maioria das pessoas interpretam, sentem ou se projetam sobre o mundo. Para Heráclito o calor não existe sem o frio, o dia emudece sem a noite e o ódio necessita do amor para sobreviver. Talvez venha daí a máxima “quem ama odeia”. O mundo é um eterno conflito de forças aparentemente opostas e irreconciliáveis. E é desse combate que surge o conhecimento através do fluir do tempo. Toda multiplicidade constitui uma unidade heterogênea  em constante combate. 

Fico refletindo a respeito das ambigüidades e contradições do mundo atual, vejo pessoas desesperadas afim de manterem seus empregos sendo o que não são diversas vezes ao dia apenas para se enquadrar como funcionários-modelos. Poderia o ser humano reconhecer a unidade diversificada de Parmênides e “ouvir” o mundo de uma outra forma ? Penso que sim como um começo pois vivemos em um emaranhado de outras forças múltiplas confrontando-se em dimensões muito mais amplas que as nossas.

Em um país como o Brasil, diverso desde sua formação, reconhecer nossos conflitos internos como o motor da continuidade no tempo em busca de uma sociedade mais justa seria talvez o princípio para que nós, fincarmos de vez a bandeira da nossa diversidade, mergulhássemos de coração aberto neste embate de forças múltiplas sempre em busca de nossa tão almejada equidade social. E não seria por isso que o combate dos unos/múltiplos terminariam, pois, como dizia Heráclito, o fogo apaga mas em algum lugar a chama reacende.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Pëndulos

A distäncia as vezes é um bom remédio, faz bem a alma 
por mais angustiante que seja.
A angústia não é um vácuo, ela muitas vezes
funciona como motor para nos movimentarmos e
agirmos em direção a...
Tomar decisões em momentos angustiantes exige
um esforço o qual muitos não estão preparados, daí
a descida de várias pessoas aos infernos pessoais.
Somos bicho com sentimento, reflexão e esta talvez
seja uma das maiores ambiguidades do ser humano :
sentir e pensar ao mesmo tempo.
Parto da seguinte questão, não há como sublimar
esta dualidade, o que podemos fazer é aprender a
conviver com ela e, aos poucos, fazer dela um pëndulo que 
equilibre de alguma forma nosso ^estar no mundo^
Agir é muito bom mas agir reconhecendo nossos
diversos prismas é mais lúcido e, por que não, 
mais seguro. 


Boa busca.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Dicionário

Palavra torta sonada
cai na beira da estrada
carros passam indiferentes
fingem não te ver

decadente
sozinha
se agacha na ribeira
água fresca de beber

vai valente, palavrinha
ergue o rosto
respira
joga o sufixo pra trás
tua casa te aguarda
no quentinho dicionário do meu quarto

prometo, prometo hoje não usá-la