sábado, 18 de junho de 2011

Presente

      Mais um aniversário, gira o mundo. A roda do tempo implacável avança para um fim de “não sei quando” e me dá o prazer de viver a experiência presente. Presente, aquilo que acontece agora, já, nem antes nem depois, imediato tempo real, virtual, transcendental. Estou imerso neste oceano de relógio e pulsação, pois coração também marca as horas e tempo não se marca com ponteiros mas por sentimento. O dia está passando rápido demais, talvez a vida. Dizem os mais velhos que com o tempo ficamos mais ponderados, observadores, prestamos mais atenção ao uso das palavras, a formação de frases. Penso que chegou o tempo em que, grande parte da vida e da relação com o outro é linguagem. Sinto um certo prazer em poder domar minhas feras interiores. A solução esteja talvez na dosagem das palavras, percebo os mais experientes praticando isso rotineiramente.  É a ponderação, a sabedoria na relação com o outro. Tolo eu, pensei que fosse mera conduta moral. Você já experimentou ?

      Dá um enorme prazer fazer isso. Não é restringir ou dosar palavras mas permitir a fluência em um ritmo que, além de facilitar a comunicação, nos conecte com o outro.  Me dá uma sensação de lucidez diante do mundo. Meu velho tio já dizia : “é jeito, não é força”. É isso ! Paciência, observação, usar energia na dose certa quando necessário. Agir com o outro se aprimora através das referência colhidas ao longo da vida. Lembro do meu avô consertando multicoisas dentro de casa, era prazeroso para ele fazer aquilo entretanto o mais importante era a calma com que ele trabalhava, deixando os pensamentos surgirem naturalmente, exercitando com presteza o raciocínio lógico. Sempre resolvia as coisas mais enroladas do mundo.

      Trinta e seis anos não é uma idade dita padrão como os trinta, os quarenta ou os cinqüenta, no entanto, o tempo, no meu entender, vai além de Cronos, é sensorial, sentimental e o mais importante, experiencial.  Vou viver esse dia onde o sol já chega próximo à janela iluminando as plantas, extraindo o verde das árvores. O café bem quente na xícara, um abraço gostoso na mulher amada. Presente é experiência, é entrelaçar vivências no cotidiano, o dia-a-dia é a casa do tempo. Amo as pequenas coisas, vivo o meu tempo, adoro o gotejar da água que cai do  telhado.

domingo, 12 de junho de 2011

Retorno

Há quanto tempo não venho aqui. Talvez um tempo muito mais distante do que a última vez em que escrevi neste blog. Geralmente as pessoas usam o blog como um diário de suas vidas. Eu uso a minha vida como um diário do meu blog visto que estamos cada vez mais imersos num mundo de imagens. Porém imagem não cansa nem se chateia, imagem não fere nem se machuca, imagem é imagem. Um recorte do tempo-espaço que ninguém pode mudar. Me refiro as fotografias. As coisas para as pessoas são tão práticas. Uma fotografia de paisagem é uma fotografia de paisagem mas para mim não, sua essência fenomenológica é ser fotografia.

A convivência com o ser humano é uma arte. O outro é sempre uma incógnita e dentro das garrafas de vodka nós já sabemos o que há, ou seja, o álcool é sempre um bom amigo mas cuidado para não destruir o seu corpo pois este também é especial. O ideal é saber equilibrar um ponto médio, ao menos você tem consciência de alguma coisa.

Ontem recebi a notícia que voltarei a trabalhar. Que saudade da minha profissão. Não escolhi a toa não, ela tem um sentido na minha vida. Dar aula é como viver uma experiência de vida nos mínimos detalhes da relação com o outro. Ela se repete constantemente e no sentido pedagógico isto é muito importante.

A medida que vou escrevendo não sei porque os parágrafos vão ficando menores, talvez seja porque a mente derrama os eflúvios verbais de uma vez apenas e a medida que vai se chegando ao fim da descarga elétrica de palavras vão ficando apenas gotinhas.

Acho que é isso, após um longo período parado, apenas lendo e internalizando, volto a escrever como sempre para mim mesmo. O mundo está cheio de idéias e com certeza essa que eu tive hoje e compartilho com vocês alguém já teve e executou. Fico por aqui. Até.