quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Carta a Moroi*

Vejo um menino chorando de bar em bar, tadinho, é a flor do amanhecer.
Quem provocou isto ?
Você, oh putrefação do mundo, horroroso cavalo peludo, bicho dos infernos
Tanta alegria poderia ter vivido caso não entrasse na minha vida e humilhado a doce Mirza
Rainha dos dentes brancos, da pele clara, morena-lisa...
Oh, pobrezinha, ficou tão triste...
Nada adiantou. Eu chorei mas você não parou de ofendê-la
Seu verme, agora está morto.
Por que fez isto com ela ? Logo a mais bela e fadada das donzelas, flor do amanhecer de cada dia, chorou...
Triste é vê-la na torre do castelo e não poder fazer nada. Lá está presa até hoje
Suas tranças não alcanço, sou fraco para escaladas.
Ah, minha querida monalisa hoje com cabelos grisalhos, tanto tempo presa nessa torre e eu só faço observar seu passo em falso.
Me resigno e choro sozinho sentado na pedra, minhas lágrimas escorrem e formam um rio de sol carregando meus desejos que ela fosse feliz.
Arregalo os olhos para ver se ele está morto, preciso ter certeza
Que pena, o cenário onde será enterrado é tão lindo, cercado de montanhas verdejantes
Pois você não merecia mais que um buraco de terra no deserto
Agora vai ao poço dos infernos, diabólico mordaz enganador
Satisfaça-se de todo o mal provocado à Mirza, minha doce ingênua dama provedora de luz.
A cada ruga em seu rosto haverão mil demônios a te castigar, traidor insolente de espada na mão
Agora será devorado pelas baratas que apagarão da existência as tuas sobras
Você foi a sombra do meu desejo de destruição, fiquei sombrio a ponto de andar atrás de ti
Por sorte me libertei mas Mirza não
No cemitério jogarei terra sobre sua sepultura e ficarei de olhos atentos para ver o quanto de chão estará sobre você
Agora não voltará mais a assustar nossa gente, impor amor a Mirza seduzindo-a com sexo, dinheiro e comida.
Uma pena pois seria a grande oportunidade de te matar
Você não dizia que esta terra era de azeitonas e palmeiras mortas ?
Pois bem, os tupinambás estarão a tua espera com o garfo na mão. Esta terra te devorará.
Fez muito mal à Mirza e o perdão por ti clamado era vidro e se quebrou
Saiu sangue do teu corpo, não é, demônio ? E como um demônio possui tanto sangue ?
Saia daqui agora, suma da minha frente
Vá para o chão envenenado de pepinos esquecidos
Doce ser do veneno, seduzia pela honra rebaixando o que havia de mais doloroso em nós
Pobre Mirza, pagou seu enterro e até neste momento não se desfez de ti
Depois de três anos irão desenterrar seu caixão e queimar teus restos
Pobres coveiros, trabalho perdido pois não haverá nada
Os vermes hão de fazer o baile
Vergonhoso final para o senhor das redondezas morto no espeto de churrasco.
Pedra, lápide ? Tu não mereces.
Que esta terra te cubra para sempre
Não volte a nos atormentar nunca mais.

*vampiros mortais que se alimentam de humanos sem matá-los (mitologia romena)

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