quinta-feira, 3 de julho de 2008

Dor.

O Fluminense nunca se importou, aliás, nós, torcedores, nunca ligamos muito para o fato do time não ter conquistado uma Libertadores. Acostumamo-nos, e assim foi desde pequeno, a torcer nacionalmente apenas. Nos contentamos com cariocas, brasileiros e copas do Brasil. Flamengo e Vasco, clubes rivais, já haviam conquistado o título mais importante da América. Nós não, mas não sofríamos por isso. Íamos aos jogos como se o Fluminense fosse o melhor de todos, independente de não termos títulos tão importantes como os rivais.

Mas, chegou a hora. A hora em que o Fluminense disputou a Libertadores, foi passando jogo a jogo, fase a fase, minuto a minuto, nos emocionando, nos deixando orgulhosos, nos motivando e nos fazendo, com a máxima razão, acreditar que este ano seria o ano de uma conquista inédita. A tão cobiçada Libertadores, título desejado por mais de mil clubes em todo continente americano.

Era o momento da redenção. O momento em que íamos enterrar de uma vez por todas todos os fantasmas de uma passado sofrido e recente. Humilhações que mancharam a nossa história foram afogadas por uma ascenção incrível. Campeão carioca em 2005, chegando todo ano às semi-finais da Copa do Brasil e por fim conquistando-a em 2007, ficando entre os primeiros no tão difícil campeonato brasileiro. Pois é, o Fluminense nos fez acreditar novamente que o pior já havia passado, que a era das derrotas tinha acabado, que o estigma de time que faz gol e recua havia por fim terminado, que o fantasma dos anos em jejum de títulos havia finalmente sido extinto.

Ontem, no Maracanã, eu vi o Fluminense, o mesmo Fluminense que vi jogar enquanto crescia. Um time que tinha tudo, tudo para vencer e se sagrar campeão, recuar quando deveria partir para cima em busca de mais um gol, apenas um gol, que nos daria o inédito título. Que nos tiraria todas os traumas, todas as amarguras que vivo desde que me entendo como tricolor. Quando entrei no Maracanã no dia 02/07/2008 esperava ver um grande triunfo que encheria de brilho uma história tão grandiosa. Iríamos, faríamos, seríamos...mas...a dura realidade voltou. E voltou voraz, como num corte seco e profundo na garganta. Acordei de uma noite que não dormi. Uma noite que começou com gritos, alegria, fé, união e terminou no último pênalti batido. Acabou. A triste caminhada da arquibancada até o carro foi penosa. Parecia que estava numa espécie de limbo pós-morte. A multidão que caminhava curvada pelo Maracanã parecia um cortejo fúnebre. Uns nem conseguiram sair da arquibancada. Lágrimas nos olhos, olhavam para o nada tentando entender o inexplicável. Crianças choravam e homens desesperavam. Na dura caminhada ao redor do estádio parecia que estava andando em direção ao nada. A sensação era de ter sido engolido por um leão. Minha alma se desfazia sendo digerida pelo incompreensível.

A dor, a tristeza, a decepção são pequenas diante do fato de ter que enfrentar, no dia seguinte, a nossa dura realidade ao constatar que voltamos a nossa terrível vidinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente