domingo, 22 de junho de 2008

Um domingo com Pessoa

Eu hoje devorei um livro. É, um livro do Fernando Pessoa. Que livro. Tão pequeno, de bolso, por fora, mas tão forte e pulsante e gigante por dentro. Daqueles em que a a alma vai ao delírio. Parece que você entra em um transe. As palavras, a força do significado, o poder que a poesia tem de te levar pra longe de tudo que é podre, mesmo que esteja falando da podridão do mundo.

Li em duas partes. Na primeira deitado no sofá, desliguei tudo. Nem a tv resistiu. Na segunda abri um belo vinho e as palavras parecem que saíam das páginas e começavam a vagar pela sala, em suspensão. Não apenas as palavras, mas eu e a sala e o cachorro e os móveis.

Deslocado para outro mundo, arrebatado para o não sei onde eu fui. Que poderio tem essas palavras, que força tem a poesia deste português. Tiveram uns poemas que eu li duas, três vezes e quando me dei conta o livro estava lido, acabado.

A sensação foi de um banquete, com Baco, com o cachorro e a sala em suspensão ouvindo a voz de Pessoa. Pra tudo começar a girar era um pulo. Não sei como não rodou.

Eis a pomba-gira da literatura. Aqueles poemas que te arrebanham para outra dimensão.

No final ficou lá o livro, jogado sobre o braço do sofá, como uma mulher que acabara de ser possuída se deleitando dos prazeres prolongados do corpo e da alma. Estava lido e completamente exaurido por mim. Uma experiência transcendental. Sufoco, sufoco, sufoco que não quer mais sair. Vá até a poesia. Areja a alma.

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