segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Depressão

O mundo vem me devorando a todo instante, as vezes aos poucos, as vezes arranca grandes fatias de mim. O mundo me devora, as gentes me devoram, o outro me devora. Sinto que perco um grande pedaço de mim hoje. Não aconteceu nada demais, ninguém morreu nem um meteoro vai se chocar com a Terra. Simplesmente, a sensação de insegurança é avassaladora. O medo me domina, caem pedaços de mim espalhados pelo chão como se fosse uma garrafa de vidro estourando. O mundo me devora aos poucos, é assim, nesses dias, que percebo o quanto estou morrendo aos poucos, sendo devorado em partes, em alguns dias. 

Meus pés, minhas mãos, minha boca, não adianta se agarrar a parede, o desespero de estar sem chão provoca uma dor insuportavelmente grande na roda viva do tempo que não para de girar. 

Sou aquele que se perde de mim, estou me perdendo de mim mesmo hoje, talvez amanhã não esteja mas hoje estou. É como se sua alma fosse devorada por um monstro, como se sua energia escorresse pelo ralo. Esse sou eu hoje. O sofrimento e a dor que estou sentindo só eu posso definir porque é tão grande que é indefinível para o outro, mas também amanhã eu não esteja assim. 

Rio de Janeiro, 8 de setembro de 2014

Fernando Terra

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