sábado, 11 de abril de 2009

Meus balões

Sete da manhã
Acordo com salvas de fogos
Alertam para um dia de venturas
Domingo de Junho
Na varanda uma brisa esperança
Árvores de verde verdade tocadas por raios de sol
Prédios em concreto amoleciam as estruturas
A rua sem saída era fronteira do mundo

O céu claro azul salpicado por balões
Alavancava em mim desejos de voar como eles
Por trajetórias curtas e intensas
Tal qual o fogo das buchas a queimar

Ao olhar com o binóculo do meu avô
Avistava o mundo dos sonhos
Os via com detalhes
Carregavam imagens sacras coladas no firmamento
Obras de arte dos subúrbios

Hoje do mesmo lugar não há mais binóculos
Nem mesmo a sabedoria do meu avô
O azul insiste em ser azul porém a brisa agora é fria
Tanto céu para um só balão
Balão despertador a me alertar de tanta vida ainda por vir
Mas tão pouco sonho a se viver

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Persista

Em casa ouço trovões
O tempo me surpreende, eu gosto
Da varanda avistei tempestade
Lentamente chegando
Cheiro de terra no ar

Estrondo gigante arrebata meu corpo pra fora de casa
Sinto o frescor da baia nos degraus da Guanabara

Persista, sou alma destemida criada pro mundo
Sorrio o tanto que já chorei
Enlevo meu corpo suado em pingos d’água
Tristezas escorrem pelo chão

Cansei
Quantas vezes tive que calar pra não ser aviltada ?
Hoje sou apenas eu

No canto liberto minha verdade sem freios
Retiro palavras da alma, as jogo pra cima
Encontro o verbo sonhar
De vestido rodado
Pé descompassado
Meio embriagado

Ele me convida
Pra dançar a vida

sábado, 21 de março de 2009

Encantos da Mauá

Ela tocava tamborim no Escravos da Mauá
Cumbaqueteque ticumbum catiquitum
Salamaleque de crioula no batuque enviesado
Por compassos esticados de viola afiada

Vai na marcação, cabrocha
Joga as mãos ao leo em sedutora desfaçatez
Congela meus desejos
Inibe meus atos
Tamanho o encanto que me presta ao bailar por calçadas murmurantes de histórias

Abro os olhos e vejo a Prainha enluarada
Que não nega o clamor dos gritos dos escravos
Todavia desfaz dor em poesia
Transpondo a minha alma em transe

Aqui somos autênticos no que sentimos
Encantados por acordes de um samba bom
No surdo do tempo que nos consome
Navegamos o rio até fevereiro
Revivendo a cada mês o mais próximo que podemos ser do carnaval

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Acasos

Há de se ter bailado, há de se ter dançado
Ao forte som das batucadas
Que o teu corpo respondia com passadas
Sorridente exagerada
Disfarçada pelas ruas agitadas
Que paravam pra te ver

E eu no meu encontro com o acaso
Arrisquei-me a te encontrar
Novamente ou nunca mais

Há de se ter bailado, há de se ter dançado
Ao forte som das batucadas
Teu olhar descontraído me dizia
Que ali se escondia algo a mais que eu não sabia que luzia mas havia
Algo em ti a se esconder
O que seria ?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

(Des)razão

Definir por definir não tem sentido
E só sentir o que vier pra mim é muito limitado
Pra viver esse passado no presente com você
Tanto é que já rimei errado versos tortos embolados
Me confundem ao dizer

Ah, o que as palavras são capazes de dizer
Pra entender que nada esconde essa vontade de ceder
De me abster de adiar um sentimento por você

Que o teu cheiro, morena, em minha pele brota a flor que desespera o lancinado coração
Lambusado desse gosto dos teus lábios à espera
De um beijo bem profundo foge o chão desaba o mundo
Desatina e desconcentra tudo o que há de ser razão

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Irreverente e debochado

Ah, carnaval...doce ilusão...que seja, que seja
Apuração do que puder e vier
É o bloco que me caça e não o inverso
É anárquico e ao mesmo tempo informal
Irreverente e debochado esse carnaval de rua carioca
Sem pretensão, isso que é bão

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Rodou !!! Vai, rodou !!! Empurra !!! Vai !!!

A roda girou novamente e mais um ano está começando, vai, começa logo mas antes do carnaval será que dá ? Talvez se não virarmos esponjas sufocadas pelo abafamento do Rio de Janeiro. Ar condicionado para todos, já !!! Não dá. Por causa de quê ? Por causa da crise, não vê que tem muito empresário mandando embora usando a crise como desculpa ? Na verdade já estava afim de demitir a muito tempo. Atenção, FIESP, se tiver que mandar embora a hora é agora. Aproveitem a desculpa da crise.

Ontem voltava do centro e vi fumaça negra para os lados do Maracanã. Ah, deve ser mais um barraco pegando fogo, talvez consigam salvar os móveis. Que nada, eram ônibus incendiados por traficantes por conta do coque de ordem da polícia militar no morro de Mangueira. Peraí, a moda é essa agora, choque de ordem da polícia, choque de ordem dos bandidos e a fumaça bem preta não parava de subir. É o sinal de que o ano começou. Eu estava esperando por ele que demorou, demorou para abalar mas abalou. O verão carioca do choque de ordem e do abafamento, camelô correndo com muamba na mão. Seu moço, me dê um trocado e o garoto era alugado em Santa Cruz por trinta reais. Durante o dia ficava nos sinais a pedir um trocado pro senhor que o alugava, delivery free open com as criancinhas. Até onde vai a doença contida na cabeça do homem ? Ah, Barack será que vai mudar ? Não precisa responder, cheguei no limite, vou ouvir Jorge Ben.