Pastor deu um passo
E o chão desabou
Dele sobraram cinzas grãos de areia
Hoje retorna com fúria, contudo
Deve ter cuidado onde pisa, Pastor
O mundo não é mais o mesmo
sempre há algum derrame
Anda de faca em punho
porém não deseje vingança
mais cedo ou mais tarde, Pastor
O universo se equilibra
Pastor, camponês, simples, mortal
Mais mortal há de ser a dor daqueles que o apunhalaram
Só te resta esperar
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
sábado, 29 de janeiro de 2011
Sou Terra
Afoga meu eu
Água do mar que entra pela boca
vida chula e teimosa
sorrisos abissais
Qual a hora certa pra tomar o último gole ?
vento possuído de areia seca minhas lágrimas
ao céu azul intenso subo de carona nas palavras
do alto a Terra é verde cheia de buracos
As pessoas
As pessoas estão explodindo
Por que o espanto ?
Só as palavras me sustentam nas alturas
Porém sou demasiadamente pesado para elas
Caio em queda livre quilômetros de velocidade
Explodo no solo, uma bomba
Formo uma cratera
Pessoas chegam para olhar
Tudo agora é barro, cor de terra
Encontram o nada
explodi
me desfiz
virei pó
sou Terra agora
sou tudo
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Devoto
Você, grande imitador
Finge-se desapaixonado a cada segundo
mas teus olhos revelam o contrário
Quando ela surge e te sorri
vai pelos ares tua confiança
Desmorona por dentro tuas couraças
Pois sente a graça divina da presença
feminina que contigo acorda, dorme
põe café e pão todo os dias
Quando a amada te toca
Teus mistérios te cercam, dançam, brindam ao teu redor
refletidos no espelho dos negros olhos
de Juliana, voce desnudo como nunca
transcende tua alma antes restrita
à miserabilidades
Agora, companheiro, tu és pleno homem
devoto e sentinela
do amor dessa mulher
Finge-se desapaixonado a cada segundo
mas teus olhos revelam o contrário
Quando ela surge e te sorri
vai pelos ares tua confiança
Desmorona por dentro tuas couraças
Pois sente a graça divina da presença
feminina que contigo acorda, dorme
põe café e pão todo os dias
Quando a amada te toca
Teus mistérios te cercam, dançam, brindam ao teu redor
refletidos no espelho dos negros olhos
de Juliana, voce desnudo como nunca
transcende tua alma antes restrita
à miserabilidades
Agora, companheiro, tu és pleno homem
devoto e sentinela
do amor dessa mulher
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Finitude, infinitude
Não somos nada
Achamos que somos e vivemos desta ilusão
Estamos perdidos em um mundo que não sabemos exatamente o que significa
Por mais que classifiquemos insetos ou nos perguntamos questões metafísicas
Estamos largados ao léo na imensidão do que se chama espaço sideral
Finitude, infinitude, somos permeados de dúvidas que nos interessam
Uns querem a continuidade, outros não
Uns não conseguem decidir por uma ou por outra
A experiência da vida é algo único, porém misterioso em sí mesmo
Por mais que a ciência já tenha nos dados múltiplas respostas para
Quase tudo
Prefiro prestar atenção as pequenas coisas, ao vento que bate no rosto ao cair da tarde,
No mergulho de mar bem cedo ou o sono da tarde que descansa a mente
Prefiro observar a paisagem e me encontrar constantemente com a complexidade
Do outro fazendo disto uma arqueologia do interior humano.
Há muito mais coisas entre os mundos que habitamos que podem nos levar a
Descoberta de novas mundos, novas experiências e possíveis transformações.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
A união dos contrários
É impressionante como um homem há mais de cinqüenta anos antes de Cristo pode nos revelar uma verdade até hoje tão aplicável em nossa sociedade. Heráclito, vindo de família próspera, decidiu pelo extremo vivendo como um eremita. Procurava, ao invés de interpretar a natureza, ouvi-la em busca do logos, ou seja, a compreensão. Isto o diferenciava da forma pela qual a maioria das pessoas interpretam, sentem ou se projetam sobre o mundo. Para Heráclito o calor não existe sem o frio, o dia emudece sem a noite e o ódio necessita do amor para sobreviver. Talvez venha daí a máxima “quem ama odeia”. O mundo é um eterno conflito de forças aparentemente opostas e irreconciliáveis. E é desse combate que surge o conhecimento através do fluir do tempo. Toda multiplicidade constitui uma unidade heterogênea em constante combate.
Fico refletindo a respeito das ambigüidades e contradições do mundo atual, vejo pessoas desesperadas afim de manterem seus empregos sendo o que não são diversas vezes ao dia apenas para se enquadrar como funcionários-modelos. Poderia o ser humano reconhecer a unidade diversificada de Parmênides e “ouvir” o mundo de uma outra forma ? Penso que sim como um começo pois vivemos em um emaranhado de outras forças múltiplas confrontando-se em dimensões muito mais amplas que as nossas.
Em um país como o Brasil, diverso desde sua formação, reconhecer nossos conflitos internos como o motor da continuidade no tempo em busca de uma sociedade mais justa seria talvez o princípio para que nós, fincarmos de vez a bandeira da nossa diversidade, mergulhássemos de coração aberto neste embate de forças múltiplas sempre em busca de nossa tão almejada equidade social. E não seria por isso que o combate dos unos/múltiplos terminariam, pois, como dizia Heráclito, o fogo apaga mas em algum lugar a chama reacende.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Pëndulos
A distäncia as vezes é um bom remédio, faz bem a alma
por mais angustiante que seja.
A angústia não é um vácuo, ela muitas vezes
funciona como motor para nos movimentarmos e
agirmos em direção a...
Tomar decisões em momentos angustiantes exige
um esforço o qual muitos não estão preparados, daí
a descida de várias pessoas aos infernos pessoais.
Somos bicho com sentimento, reflexão e esta talvez
seja uma das maiores ambiguidades do ser humano :
sentir e pensar ao mesmo tempo.
Parto da seguinte questão, não há como sublimar
esta dualidade, o que podemos fazer é aprender a
conviver com ela e, aos poucos, fazer dela um pëndulo que
equilibre de alguma forma nosso ^estar no mundo^
Agir é muito bom mas agir reconhecendo nossos
diversos prismas é mais lúcido e, por que não,
mais seguro.
Boa busca.
por mais angustiante que seja.
A angústia não é um vácuo, ela muitas vezes
funciona como motor para nos movimentarmos e
agirmos em direção a...
Tomar decisões em momentos angustiantes exige
um esforço o qual muitos não estão preparados, daí
a descida de várias pessoas aos infernos pessoais.
Somos bicho com sentimento, reflexão e esta talvez
seja uma das maiores ambiguidades do ser humano :
sentir e pensar ao mesmo tempo.
Parto da seguinte questão, não há como sublimar
esta dualidade, o que podemos fazer é aprender a
conviver com ela e, aos poucos, fazer dela um pëndulo que
equilibre de alguma forma nosso ^estar no mundo^
Agir é muito bom mas agir reconhecendo nossos
diversos prismas é mais lúcido e, por que não,
mais seguro.
Boa busca.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Dicionário
Palavra torta sonada
cai na beira da estrada
carros passam indiferentes
fingem não te ver
decadente
sozinha
se agacha na ribeira
água fresca de beber
vai valente, palavrinha
ergue o rosto
respira
joga o sufixo pra trás
tua casa te aguarda
no quentinho dicionário do meu quarto
prometo, prometo hoje não usá-la
cai na beira da estrada
carros passam indiferentes
fingem não te ver
decadente
sozinha
se agacha na ribeira
água fresca de beber
vai valente, palavrinha
ergue o rosto
respira
joga o sufixo pra trás
tua casa te aguarda
no quentinho dicionário do meu quarto
prometo, prometo hoje não usá-la
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