sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Finitude, infinitude

Não somos nada
Achamos que somos e vivemos desta ilusão
Estamos perdidos em um mundo que não sabemos exatamente o que significa
Por mais que classifiquemos insetos ou nos perguntamos questões metafísicas
Estamos largados ao léo na imensidão do que se chama espaço sideral
Finitude, infinitude, somos permeados de dúvidas que nos interessam
Uns querem a continuidade, outros não
Uns não conseguem decidir por uma ou por outra
A experiência da vida é algo único, porém misterioso em sí mesmo
Por mais que  a ciência já tenha nos dados múltiplas respostas para
Quase tudo
Prefiro  prestar atenção as pequenas coisas, ao vento que bate no rosto ao cair da tarde,
No mergulho de mar bem cedo ou o sono da tarde que descansa a mente
Prefiro  observar a paisagem e me encontrar constantemente com a complexidade
Do outro fazendo disto uma arqueologia do interior humano.
Há muito mais coisas entre os mundos que habitamos que podem nos levar a
Descoberta de novas mundos, novas experiências e possíveis transformações.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A união dos contrários

É impressionante como um homem há mais de cinqüenta anos antes de Cristo pode nos revelar uma verdade até hoje tão aplicável em nossa sociedade. Heráclito, vindo de família próspera, decidiu pelo extremo vivendo como um eremita. Procurava, ao invés de interpretar a natureza, ouvi-la em busca do logos, ou seja, a compreensão. Isto o diferenciava da forma pela qual a maioria das pessoas interpretam, sentem ou se projetam sobre o mundo. Para Heráclito o calor não existe sem o frio, o dia emudece sem a noite e o ódio necessita do amor para sobreviver. Talvez venha daí a máxima “quem ama odeia”. O mundo é um eterno conflito de forças aparentemente opostas e irreconciliáveis. E é desse combate que surge o conhecimento através do fluir do tempo. Toda multiplicidade constitui uma unidade heterogênea  em constante combate. 

Fico refletindo a respeito das ambigüidades e contradições do mundo atual, vejo pessoas desesperadas afim de manterem seus empregos sendo o que não são diversas vezes ao dia apenas para se enquadrar como funcionários-modelos. Poderia o ser humano reconhecer a unidade diversificada de Parmênides e “ouvir” o mundo de uma outra forma ? Penso que sim como um começo pois vivemos em um emaranhado de outras forças múltiplas confrontando-se em dimensões muito mais amplas que as nossas.

Em um país como o Brasil, diverso desde sua formação, reconhecer nossos conflitos internos como o motor da continuidade no tempo em busca de uma sociedade mais justa seria talvez o princípio para que nós, fincarmos de vez a bandeira da nossa diversidade, mergulhássemos de coração aberto neste embate de forças múltiplas sempre em busca de nossa tão almejada equidade social. E não seria por isso que o combate dos unos/múltiplos terminariam, pois, como dizia Heráclito, o fogo apaga mas em algum lugar a chama reacende.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Pëndulos

A distäncia as vezes é um bom remédio, faz bem a alma 
por mais angustiante que seja.
A angústia não é um vácuo, ela muitas vezes
funciona como motor para nos movimentarmos e
agirmos em direção a...
Tomar decisões em momentos angustiantes exige
um esforço o qual muitos não estão preparados, daí
a descida de várias pessoas aos infernos pessoais.
Somos bicho com sentimento, reflexão e esta talvez
seja uma das maiores ambiguidades do ser humano :
sentir e pensar ao mesmo tempo.
Parto da seguinte questão, não há como sublimar
esta dualidade, o que podemos fazer é aprender a
conviver com ela e, aos poucos, fazer dela um pëndulo que 
equilibre de alguma forma nosso ^estar no mundo^
Agir é muito bom mas agir reconhecendo nossos
diversos prismas é mais lúcido e, por que não, 
mais seguro. 


Boa busca.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Dicionário

Palavra torta sonada
cai na beira da estrada
carros passam indiferentes
fingem não te ver

decadente
sozinha
se agacha na ribeira
água fresca de beber

vai valente, palavrinha
ergue o rosto
respira
joga o sufixo pra trás
tua casa te aguarda
no quentinho dicionário do meu quarto

prometo, prometo hoje não usá-la

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O tempo

O tempo tomou um rumo diferente nos últimos tempos
fiquei com uma percepção atrevida e devastadora a respeito
das suas limitações e liames, tanto que me aprofundei nos estudos
sobre o tempo, o implacável tempo, do qual não conseguimos fugir.
Talvez uma forma de vivenciá-lo, encontrar o tempo vivido, dando menor
importância ao tempo cronológico que nos escraviza e delimita nossa liberdade.
Esta é uma busca muito subjetiva, cada um deve procurar e encontrar o seu tempo
Com humildade e paciência. É preciso estar atento aos desvios e assaltos da angústia
Humana.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O tempo passa assim

Os dias passam desapercebidamente para mim. O máximo que sei são as informações da paisagem, o mar calmo e sereno, o céu estrelado a esmo, no horizonte a cidade e o meu, por que não, quintal. Com o tempo, mesmo não sendo nosso,a gente toma uma certa posse intuitiva. O passar do tempo acontece pelos pequenos fenômenos do dia-a-dia. As aranhas construindo suas teias, aprisionando o alimento a ser devorado, o andar de cima repleto de caixas de papelão, pas e coisas que ocupam espaço, os livros sempre presentes esperando para serem lidos, as mochilas, as contas pagas e não-pagas, o balde no meio da sala afim de sanar a goteira, Ju reclama, Ana briga, Ju briga, Ana reclama, Sérgio acende seu cigarro, João brinca. Aqui o tempo passa assim, com o verde da natureza, com a chuva que cai lentamente, com a terra que gruda nos sapatos. Eu gosto disso.